Transições

Royal Club for Literature and Peace

 Transições

João Francisco da Cruz

 Transições

Um instante, um momento, uma fração de um tempo, o meu riso se desfaz

Desta vida tão longínqua, dos meus dias que não findam, uma ilusão que só mente 

Um tempo, um ponteiro voraz, uma cortina insana, tão fingida, toda engana, o meu relógio atroz

Um sonho que antecede, um foco de tão concreto, um esboço, um linear, tantos caminhos incertos

Telas que pintam, desejos, um colorido, um lampejo, um sol, uma casa e varanda

São só sonhos, são esboços, a gana louca que engana, o tempo todo perdido, a gula das tais entranhas

Num instante o sonho finda, a casa grande que cai, o rio que muda de curso, o dia que se faz chuva

A lua clara se esconde nas nuvens densas do céu, da brisa vem tempestades, o doce trocado por fel

Numa fração tudo muda, o riso se faz sisudo, o louco falante, tão mudo, se cala e não fala mais

De manhã um sol que brilha, ao meio dia, um choro, a noite resta lembranças, da certeza, um desconsolo

Um instante, um momento...

João Francisco da Cruz

Poeta    18/06/2023

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