السبت، 24 يونيو 2023


Corpo nú, Alma vestida

Royal Club for Literature and Peace

Corpo nú, Alma vestida

João Francisco da Cruz

Corpo nú, Alma vestida 

Despir me das roupas velhas, do corpo sujo, do tolo solto, irei 

Dos dogmas que tão me prendem, das teorias, cartilhas vãs

Dos quadros, velhos mosaicos, de homens tristes, acabrunhados

Dos santos aprisionados, da liberdade, tão saqueados 

Das falas, dos gestos belos, das honrarias, dos falsos deuses 

Lançarei fora, o pão pisado, resto da mesa, capim sobrado

Dos bancos, da ladainha, do mau comércio, casa de deus

Do culto de interesses, de meia dúzia de charlatões, dos falsos, de vida fácil, dos tais unguentos, dos cadafalsos

Retiro me, da tal presença,da  tal ofensa, diante de Deus

Não como do pão sovado, tão amassado, acortinado 

Despir me, do gesto louco, do mundo afoito, casa do cão, farei

Afasto me, dos cantos santos, teatro, antro, de fingimentos

Prefiro, andar tão nú, comer o pão, junto às migalhas, dormir ao céu aberto e ter por perto, meu nobre irmão

O céu, por meu abrigo, não ser vendido por um tostão 

Despir me das roupas velhas...

João Francisco da Cruz

Poeta    23/06/2023

documentation: Waffaa Badarneh 


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